terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A Estratégia do Oceano Azul

Oceano Azul: São mercados intocados. Águas amplas, profundas e inexploradas.

A edição Julho/Agosto 2009 da revista Management contou com uma matéria entitulada "Em Busca de Rios Azuis", que discorre sobre como a rede hoteleira Starwood adaptou "A Estratégia de Oceano Azul" para correr menos risco, com implementação gradual.

O curioso foi que de acordo com a revista, o grupo em vez de partir para a "grande visão", adotou uma abordagem gradual. Robyn Patt, vice-presidente da unidade de 6-Sigma e inovação da rede para Europa, África e Oriente médio, afirmou que "É mais uma questão de encontrar pocinhas d'água, lagos ou rios azuis em vez de procurar oceanos azuis".

É um pouco difícil pensar em pocinhas d'água azuis sem levar em consideração o livro "The Long Tail" (A Cauda Longa) que discursa sobre a viabilidade em atender vários pequenos nichos do mercado com pequeno público em contraponto ao pensamento da indústria do popular que cultua o consumo em massa e que tem uma visão míope de que o mercado é dividido em grandes blocos.

Mas o que aconteceu na rede hoteleira Starwood?

Primeiro Rio
O primeiro projeto que utilizou a estratégia do Oceano Azul foi denominado "FamTASTIC" e foi testado inicialmente em hotéis na Itália e em Malta - agora está sendo ampliado para o mundo todo. A ordem era concentrar seus esforços nos não clientes e , nesse caso, signigicou a concentração nos filhos, em vez de nos pais, nas famílias. A Starwood realizou uma pesquisa com as crianças sobre o que as famílias desejam nas férias e, com base nos resultados, criou ofertas para atraí-las.

Segundo Rio
Vários hotéis da rede colocaram suas camas à venda, inclusive o Westin que oferece as "Camas Celestiais". Motivo? Robyn Patt explica que, após pesquisa com os não clientes, a empresa constatou que havia pouca inovação em torno da experiência de dormir em hotéis nos últimos anos, e identificou nesse cenário a oportunidade de inovar.

Outros lagos e poças
A empresa tem mais quatro projetos de Oceano Azul em diferentes estágios de planejamento e implementação. A matéria infelizmente não citou quais são eles.

E a industria de TI?

Um exemplo sobre o poder do modelo "Cauda Longa + Oceano Azul" foi demonstrado com a criação do Itunes por parte da Apple.

Ao mesmo tempo que o Itunes atende vários pequenos nichos específicos de mercado (Cauda Longa), ele também criou um novo negócio até então não desbravado (Oceano Azul). No que cerne o assunto mídia digital, parecia que as pessoas não estavam dispostas a pagar para fazer downloads de músicas. Empresas como a Napster inspiraram os adeptos dos downloads a baixarem músicas de forma ilegal, sem pagar nada. Em meio a esse cenário, o modelo da Apple foi de ampliar a demanda (quase inexistente) por este tipo de serviço (downloads de músicas pagos), transformando em clientes uma massa de pessoas não tão ligadas em tecnologia.

Essa combinação "Cauda Longa + Oceano Azul" vai ser muito discutida ainda com o amadurecimento da Computação na Nuvem que irá permitir que um número enorme de serviços sejam oferecidos via web. Como o custo inicial da aplicação é bastante reduzido pela diminuição dos gastos com infra estrutura, poderemos ver pequenas e micro empresas navegando por tais oceanos nunca antes desbravados.

Coincidentemente, ontem de madrugada, assisti um filme chamado "Mestre dos mares". No filme existe uma cena em que o médico da tripulação (Bettany) fica emocionado ao vislumbrar a variedade de espécies das ilhas de galápagos. Quando o navio avistou as ilhas, o médico identificou duas novas espécies em dois minutos. Provavelmente isso é o mesmo que acontece quando se descobre um Oceano Azul.

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