segunda-feira, 28 de setembro de 2020

O jeito Warren Buffett de investir

 

Eu não trabalho na área de investimentos financeiros, mas é um tema que sempre chamou a minha atenção, por isso é uma das minhas opções favoritas de leitura. Esse mês li "O Jeito Warren Buffett de Investir" de Robert G. Hagstrom. O autor que é um estrategista da área de investimentos, reuniu nesse livro várias ações e declarações de Mr. Buffett através de entrevistas, cartas aos investidores e outras fontes para tentar decifrar quais são as estratégias usadas, como funciona seu processo de decisão e qual é a lógica para a gestão do seu portfólio de investimentos. 

Provavelmente Warren Edward Buffett é o investidor mais popular da atualidade, depois de mais de 60 anos investindo, conseguiu um sucesso excepcional acima dos índices do mercado americano, seu nome está listado entre os 10 homens mais ricos do mundo. Recentemente (agosto/2020), completou seus 90 anos de idade e apesar da idade continua trabalhando ativamente e suas opiniões são capazes de afetar mercados. Buffett administra seus investimentos através de uma holding, a Berkshire Hathaway

O livro não é uma biografia, mas detalha como foi a formação de Buffett e seus primeiros passos na área de investimentos, nele fica claro como os investidores Philip Fisher e Benjamin Graham foram grandes professores em sua vida. Algo muito importante também é mostrado sobre a trajetória de Buffett, por exemplo, como ele encontrou o sócio e grande influenciador de suas decisões, Charlie Munger

O livro decodifica a sua estratégia em 12 princípios (que na verdade são em sua maioria perguntas!):

  1. O negócio é simples e compreensível?

  2. O negócio tem um histórico consistente de operações?

  3. O negócio tem uma perspectiva favorável a longo prazo?

  4. A gestão é racional?

  5. A gestão é transparente para com os acionistas?

  6. A gestão resiste ao imperativo institucional?

  7. Foque no retorno sobre o patrimônio líquido, não no lucro por ação.

  8. Calcule os "lucros do proprietário".

  9. Busque companhias com altas margens de lucro.

  10. Para cada dólar retido, certifique-se de que a companhia tenha criado pelo menos um dólar de valor de mercado.

  11. Qual o valor do negócio?

  12. O negócio pode ser comprado com um desconto significativo em relação ao seu valor?

O livro tenta entender como funciona o seu processo decisório, mostrando os números que levaram Buffett a investir nessas empresas:

  • Washington Post

  • GEICO

  • Capital Cities

  • Coca-Cola

  • General Dynamics

  • Wells Fargo

  • American Express

  • IBM

  • H. J. Heinz

Sabe aquele mantra que você sempre escutou?
- Você deve diversificar seus investimentos!
- Não pode colocar todos os ovos na mesma cesta!

Buffett segue a filosofia do investimento com foco, ou seja, concentrar seus investimentos em companhias com a mais alta probabilidade de obter desempenho acima da média. É como se Buffett estivesse dizendo, que se você está diversificando é porque não sabe escolher bem seus investimentos, você faz isso pois não está seguro sobre os riscos, ao final a diversificação acaba por diluir seus rendimentos.

Eu acompanho muito o mercado e as empresas do segmento de tecnologia, e hoje claramente são as empresas que possuem o maior potencial de crescimento, chamado por alguns como crescimento exponencial, mas Buffett sempre foi muito conservador a respeito dessas empresas, há declarações nas quais ele diz não investir porque simplesmente não entende como o segmento funciona, não sabe como calcular os riscos de mercado, mas com um pouco mais de atenção podemos citar pelos menos duas grandes exceções a essa regra: IBM e mais recentemente a Apple.

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

E não sobrou nenhum - Agatha Christie

 


Por algumas vezes eu tentei ler os livros da Agatha Christie, não tinha como dar errado, as histórias tem um mistério a ser resolvido, várias pessoas suspeitas e um detetive com comportamento peculiar, mas até então os livros que tive contato eram descritivos demais para mim, eram muitas páginas gastas para apresentar não apenas as personagens mas também apresentar vários detalhes sobre o “cenário”, acabava que eu desistia da leitura antes do mistério ser apresentado. Me chame de ansioso se quiser.

Esse ano decidi dar outra chance para as histórias da renomada autora, comecei a ler o livro “E Não Sobrou Nenhum”, o livro já começa com as personagens recebendo um convite intrigante e são rapidamente apresentados e reunidos em uma ilha.

A história é sobre um grupo de pessoas sem qualquer conexão, que são convidadas para passarem alguns dias em uma mansão em uma ilha. Logo após o primeiro jantar juntos, uma voz na sala lista os crimes que supostamente cada convidado cometeu e ficaram impunes, todos ficam indignados com aquela afronta, até que um deles é assassinado. E agora todos são suspeitos e ninguém está a salvo.

Além do livro,  foi lançada uma minissérie em 2015 com 3 episódios, com o título em inglês And Then There Were None, a série é britânica e a maior parte do seu elenco também, com certeza você irá lembrar de alguns desse atores:

Charles Dance

Sam Neil

Noah Taylor


Para quem já leu o livro, fique tranquilo que a série é bem fiel, os detalhes da adaptação para a série não vão incomodar mesmo os mais atentos!


PS: Não vou comentar sobre o título original, pois eu acredito que qualquer obra carrega um contexto histórico por influência do seu autor. O título foi adequado para o entendimento atual do que consideramos “politicamente correto”. Eu me pergunto quantas obras vamos adaptar a cada mudança de crenças?

O fardo da produtividade

 

Você se preocupa com a sua produtividade? Ou talvez a pergunta seja, você se preocupa com as coisas que deveria estar fazendo mas nunca faz? A vida moderna, ou a maneira que a geração atual conduz a própria vida, envolve uma lista de atividades que deveríamos executar, mas que na minha opinião tal lista está próxima do impossível, se você não concorda, vamos ver uma rápida e incompleta lista:

Saúde

Casa e Família

Trabalho e Financeiro

Interesses Pessoais

Alimentação Saudável

Tempo de qualidade com os filhos

Executar seu trabalho

Estudar

Exercícios físicos 

Relacionamento

Preparação para o próximo cargo

Ler mais

Exames de rotina

"Arrumar" a casa

Ter a própria empresa?

Falar outro idioma

Qualidade do sono


Desenvolver uma renda passiva

Ter um hobby?

Meditação?


Investir melhor




Você cumpre todas essas atividades? Você provavelmente possui uma lista de atividades e "bons hábitos" que sempre quis colocar em práticas, mas a gestão de tempo ou a procrastinação nunca deixaram, não é?


A sociedade atual desenvolveu uma cultura onde devemos buscar a "nossa melhor versão", devemos "melhorar 1% a cada dia", na crença que só assim vamos encontrar sucesso e, com ele, a felicidade e quem sabe uma vida plena. É isso que prometem os gurus (termo antigo, podemos atualizar para mentores, life coaches,  digital influencers). Assim como você, eu também consumo muito conteúdo sobre produtividade e técnicas para organizar a vida, mas o que vejo nessa busca pelo equilíbrio é uma vida desequilibrada, parece contraditório? Perceba aqueles 5% das pessoas que realmente praticam exercícios físicos e conseguiram ótimos resultados, quais as privações eles carregam: menos tempo com a família, menos foco no trabalho, um resultado financeiro mediano, uma dieta que restringe seu convívio social. Existe um pequeno grupo onde o seu estilo de "vida saudável" é também o seu trabalho, sua fonte de renda e seu hobby. 


Você conhece de perto um empreendedor de sucesso? Já notou como ao iniciar a própria empresa, como os donos trabalham muito mais do que o esperado e por anos a empresa é o seu "próprio mundo", respirando a empresa 24 horas por dia. Depois de algum tempo assim, a saúde e a família começam a cobrar esse desequilíbrio. Aqui também existe um pequeno grupo de pessoas que souberam criar empresas sólidas, que possuem uma boa gestão, empresa que conseguem caminhar sem seus sócios, esse grupo pode realmente aproveitar do seu sucesso, mas provavelmente esse mesmo sucesso lhes trará a confiança suficiente para se aventurar em novos negócios, que sem uma atenção redobrada irá manter sua vida em desequilíbrio contínuo. 


Se o que você leu até aqui e tudo lhe pareceu distante, tente algo simples como montar seu calendário semanal (week schedule), tente reservar tempo para todas as coisas que você acredita que são importantes e/ou necessárias. Siga por 4 semanas e seja sincero sobre qual aspecto da sua vida desequilibra os outros. 


Aqui não há conclusões, apenas uma reflexão sobre o quanto é realmente possível ter uma vida produtiva e feliz como estão descritas nos livros na seção de auto-ajuda (às vezes estão camuflados na seção de negócios). O quanto são vidas de sucesso e equilibradas as que vemos nas timelines através das belas fotos dos influenciadores em redes sociais. Enquanto não temos respostas ou para aqueles que seguem cegamente esse mantra da vida moderna perfeita, eu só posso sugerir a ferramenta mais avançada que conheço: papel, caneta e uma boa lista de tarefas. Abençoado seja o checklist.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

SCJP (310-065)


No dia 31/05 o exame SCJP (310-065) foi aplicado pela última vez pela Prometric, antes de ser migrado para a Pearson Vue, foi justo o dia que marquei a minha prova, pois a principio não haveria como transferir o voucher que eu já tinha adquirido, portanto essa era a minha data final para fazer o exame.

Fiz uma revisão total do conteúdo em 3 dias, estudando pelo livro da Katty, que consiste em vários simulados. Fiquei preocupado, pois as notas que eu obtive não eram as que eu esperava, mas felizmente durante a prova real, eu percebi que os simulados foram bem mais difíceis, especialmente o último simulado do livro que está no nível “Eu não caio em pegadinhas!”.

Quase não houve questões teóricas, o requisito para passar no exame foi realmente conhecer detalhes da Linguagem e API padrão fazendo análises a partir de trechos de código. A prova foi bem cansativa, sempre existia como resposta as alternativas genéricas:  “Compilation fails” e “RuntimeException”.

Após passar no exame, eu acredito que ele realmente comprova os conhecimentos do candidato na linguagem e nos itens mais comuns da API padrão.  Obviamente que para o “mundo real” esses conhecimentos são um ponto de partida, para qualquer profissional que queira entender os diversos frameworks utilizados no dia a dia dos projetos.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Dynamic table mapping - Hibernate


Ao longo dos anos se tornou comum utilizar frameworks ORM na construção de softwares que necessitem armazenar informações, esse tipo de framework facilita a manipulação dos dados fornecendo muitos recursos como: controle da conexão, transação, sessão, desacoplamento com as particularidades dos SGBD's, entre outros.

No meu caso, estou utilizando JAVA + Hibernate sendo o mapeamento entre classes/tabelas feito por XML e Annotations, porém nesse software eu precisei mapear a mesma classe para tabelas diferentes durante a execução, ou seja, eu precisei alterar o mapeamento dinamicamente. Junto da equipe a primeira idéia que surgiu foi alterar o xml de configuração (hibernate.cfg.xml), o que não fazia nenhum sentido pois teríamos que ao final da execução, retornar a configuração inicial. 

A partir daí o raciocínio foi simples, em algum momento o Hibernate tem que carregar o mapeamento para algum dos seus objetos e de alguma forma ele deve expor essa “facilidade”. Após algum tempo para a busca, não encontramos nada que resolvesse algo que é aparentemente simples: “Se estamos trabalhando com um framework de mapeamento objeto-relacional, nada mais óbvio que a necessidade de alterar o mapeamento em tempo de execução”.

Eu acredito que sempre que esse tipo de coisa acontece, o jeito é forçar a solução e como diria meu pai: “a necessidade faz o ladrão”, abrimos o código do Hibernate 3.5.6 para entender as estruturas de mapeamento. Realmente o Hibernate é muito bem construído é não deixou a galera na mão, encontramos uma classe interna da org.hibernate.cfg.Configuration, que implementa a Mappings, a partir dessa classe conseguimos fazer nosso dynamic table mapping.

Segue abaixo a parte mais importante do post, o exemplo:

// instancia o org.hibernate.cfg.Configuration
conf = new AnnotationConfiguration();
//carrega o hibernate.cfg.xml
conf.configure();
// carrega o mapeamento class-entity/table
conf.buildMappings();
// cria o manipulador de mappings
Mappings mps = conf.createMappings();
// Exemplo de alteração do mapeamento
Table t = mps.getTable(null, null, "tabela_antiga");
t.setName("tabela_nova");


Vale lembrar que após a alteração do mapeamento um novo SessionFactory deve ser criado, assim como os objetos que são criados a partir dele (Session, Transaction, etc). Espero que esse post ajude as outras pessoas que como nós não encontraram essa "simples" resposta, nem na documentação do Hibernate.

Observação: Como o mapeamento está sendo alterado direto no código, é importante lembrar que essa estrutura deve existir no banco de dados, caso não exista também é possível criá-la pelo Hibernate, mas  essa questão não faz parte desse post.

Referência: Documentação Hibernate - 2.Arquitetura

sábado, 13 de novembro de 2010

BPO - Uma questão de atitude

Business Process Outsourcing (BPO) é a terceirização de um processo de negócio de uma empresa, que geralmente não faz parte de seu core business. É justamente aí que as grandes barreiras começam. Pela atividade terceirizada não fazer parte de sua atividade fim, geralmente os clientes possuem pouco conhecimento imediato a respeito do objeto de terceirização. É comum que esse conhecimento seja construído à medida que a relação de terceirização amadureça. Claro que existem clientes de maturidade variada, mas aqui o intuito é analisar a média.

Em setores de terceirização de alta competitividade entre players, o que se percebe acontecer de forma repetida é a construção de um "not know how" empírico por parte do cliente, pautado em más experiências passadas. Nesses casos, o cliente adota uma postura defensiva que intimida qualquer fornecedor.

Como contribuir para o aumento da maturidade de seu cliente em uma situação como essa?

Como não se deixar intimidar por essa barreira entre cliente e fornecedor?

A responsabilidade nesse caso é do fornecedor, detentor do know how, da expertise, direcionar o cliente de forma que este possa mudar sua atitude perante ele e a empresa fornecedora. A maior dificuldade é que enquanto o objetivo maior (mudança de atitude e aumento da maturidade do cliente) não acontecer, os conflitos serão comuns.

A falha maior nesse caso, é que para evitar desgastes imediatos, evita-se por vezes um posicionamento que a princípio pode parecer áspero, mas que em longo prazo pode ser determinante na construção de uma relação duradoura. Não há mal em dizer que o cliente está errado, pelo contrário, não fazê-lo é um ato de negligência grave. O desafio consiste em evidenciar esse erro ao cliente da melhor forma possível, mas deve-se ter cuidado para não atribuir menos ou mais relevância do que tal pauta deveria ter.

Deve-se buscar um comprometimento com o cliente e não um comprometimento de subsistência com seu próprio emprego.

E você, está realmente comprometido com seu cliente? Ou acha mais fácil agir como o avestruz da foto?

sábado, 30 de outubro de 2010

A revolução dos bichos


Quando eu vi esse título “A revolução dos Bichos”, de George Orwell, logo imaginei que era um livro para crianças (confesso que fiz cara feia!), quando comecei a ler percebi que era uma fábula e que realmente poderia ser lido por crianças, mas aos poucos percebi que haviam mensagens escondidas para os adultos, reflexões sobre a vida em sociedade.

Em um breve resumo, com uma pitada de opinião, a história se passa em um sítio (país), que é dominado por um homem muito rígido (autoritário). Um certo dia um porco (revolucionário) mostra como será o mundo depois que o homem desaparecer (depois que o atual regime cair), porém dias depois o idealista morre, mas seus sete mandamentos para o novo mundo (novo regime) permanecem escritos na parede como sonhos distantes.

Todos os animais na história representam “tipos” de posturas sociais, como: manipulação, alienação, ignorância, teimosia, passividade... Tipos que você já conhece!

De alguma forma a expulsão do dono (a revolução) ocorre. E então os animais se reorganizam para criar aquele novo mundo apresentado pelo idealista falecido, seguindo fielmente os mandamentos. Porém surgem as primeiras divergências entre os comandantes do novo regime e então as primeiras deturpações das idéias começam a ocorrer, logo os mandamentos um a um foram removidos ou alterados de acordo com as pretensões do novo ditador, até que no fim é impossível distinguir as diferenças entre o homem (antigo ditador) e o porco (novo ditador).

É engraçado como essa sátira da revolução russa, possui tantos pontos em comum com outras revoluções (a Cubana por exemplo), mostra claramente o caminho percorrido quando os mais fracos tomam o poder e são, por ele corrompidos. Se pensarmos um pouco, é curioso como reconhecemos esses “tipos” em nossas equipes, realizando as mesmas ações (de liderança ideológica ou autoritária) em diferentes níveis. Para quem conhece a história, você age como qual dos “animais” do sitio?